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Presidente do Irão pede que "reivindicações legítimas" dos protestos sejam ouvidas
O Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, pediu ao Governo que ouça as "reivindicações legítimas" dos manifestantes, avançou hoje a imprensa estatal, após dois dias de protestos devido à situação económica no país.
"Pedi ao ministro do Interior [Eskandar Momeni] que ouça as reivindicações legítimas dos manifestantes, dialogando com os seus representantes, para que o Governo possa fazer todo o possível para resolver os problemas e agir de forma responsável", disse o Presidente, citado pela agência de notícias oficial IRNA.
Os protestos no Irão continuaram na segunda-feira, pelo segundo dia consecutivo, e espalharam-se de Teerão para outras cidades, com as forças de segurança a usar gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes em alguns locais.
Os comerciantes do Grande Bazar, no sul da capital, fecharam os negócios e protagonizaram uma mobilização, informaram os meios de comunicação oficiais do país, como a agência noticiosa IRNA.
Com o pôr-do-sol, registaram-se também concentrações em outras cidades do país, como Malard (na província de Teerão), Karaj (norte), Kermán (sudeste), Zanyán e Hamadán (noroeste) e a ilha de Qeshm (sul), acompanhadas de `slogans` contra a República Islâmica, como "morte ao ditador", mas também de lemas como "Esta é a última batalha, Pahlaví voltará", numa referência à dinastia Pahlaví, derrubada com a revolução islâmica de 1979.
No segundo dia consecutivo de protestos, a Guarda Revolucionária alertou os participantes num comunicado que se oporá a "qualquer tentativa de (...), caos ou ameaça à segurança".
Ao mesmo tempo, a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária, afirmou que os "meios de comunicação anti-iranianos e organizações de segurança estrangeiras, através de alguns dos seus agentes internos, estiveram presentes em algumas concentrações para transformar os protestos em distúrbios".
Ainda assim, os comerciantes prometeram continuar hoje, pelo terceiro dia, com protestos, e o portal estudantil Amirkabir anunciou que os estudantes das universidades Shahid Beheshti e Amirkabir de Teerão também protagonizarão uma concentração.
As manifestações começaram no domingo em vários centros comerciais de Teerão devido à volatilidade da moeda nacional, em constante queda face às divisas estrangeiras, especialmente o dólar, pelo que os comerciantes consideram que não lhes compensa vender os seus artigos, já que repô-los lhes custaria mais.
A moeda iraniana registou no domingo um novo mínimo histórico de 1,44 milhões de riais por dólar, mas na segunda-feira recuperou, com cada dólar a valer 1,36 milhões de riais.
Além disso, dados recentes do Centro de Estatísticas do Irão indicam que a inflação homóloga superou os 52% entre novembro e dezembro, o que reduziu drasticamente o poder de compra da população.